O Brasília foi um automóvel produzido de 1973 até 1982 pela Volkswagen do Brasil. (Definido internamente como modelo/tipo "102") Foi projetado para aliar a robustez do Volkswagen Fusca,
um carro consagrado no mercado, com o conforto de um automóvel com
maior espaço interno e desenho mais contemporâneo. Era um carro pequeno,
de linhas retas e grande área envidraçada. Esse nome é uma homenagem à
então moderníssima cidade do Distrito Federal, fundada 13 anos antes com o mesmo nome.
História e evolução
O Brasília foi um dos primeiros Volkswagen a serem projetados e construídos fora da matriz alemã, sendo o também brasileiro SP2 o primeiro. O então presidente da Volkswagen do Brasil, Rudolph Leidig, inspirado pelo SP2,
desafiou os engenheiros da marca a produzir uma nova versão do Fusca,
porém adaptado ao mercado nacional. O modelo deveria oferecer mais
espaço, deveria utilizar a mesma mecânica, porém deveria parecer mais
contemporâneo. Após uma série de protótipos, finalmente José Vicente
Martins e Márcio Piancastelli apresentaram o conceito do que seria o
modelo final. Semelhante a uma "mini-Variant", com uma versão
modernizada da dianteira desse veículo, era 2 centímetros menor do que o
Fusca, porém com o mesmo entre-eixos, maior espaço interno, ampla área
frontal envidraçada, satisfatório porta-malas dianteiro e uma prática
tampa hatchback para o porta-malas traseiro. O design
retilíneo da carroceria, com linhas suaves e equilibradas, foi inovador
na época. Esta característica privilegiava um amplo espaço interno para
os passageiros, algo difícil de se encontrar na época em carros do
segmento do Brasília.
Quando este modelo alcançou a fase de testes, um repórter conseguiu
fotografar alguns modelos em ruas próximas à fábrica. Os seguranças
tentaram afastá-lo, e quando falharam, decidiram atirar contra seu
carro. O incidente causou alguma comoção na imprensa nacional, levando a
Volkswagen a se desculpar publicamente. Entretanto a notícia alavancou a
venda da revista Quatro Rodas que comprou as fotos do então repórter free-lancer Cláudio Larangeira, que logo depois seria contratado pela revista.
O novo veículo foi oficialmente apresentado ao público em Junho de
1973, apenas um mês depois do lançamento de seu principal concorrente, o
Chevrolet Chevette.
Embora seja muito semelhante a outros modelos, tais como a Volkswagen Variant e o TL, a plataforma era na verdade a mesma do Fusca, com o mesmo motor boxer montado na traseira e refrigeração a ar.
Diferente do Fusca (que na época era vendido com motorizações de 1300 ou
1500 cm3), o Brasília era oferecido somente com motor 1600 cm3, assim
como o VW 1600 - apelidado "Zé do Caixão" - e a Variant.
No ano de seu lançamento, 1973, o motor 1,6 litro do Brasília era
alimentado por um único carburador modelo Solex 30, gerando 60 cv brutos
de potência. Muitos motoristas porém exigiam melhor desempenho e
economia do Brasília. A resposta da Volkswagen foi o lançamento do motor
1,6 litro alimentado por dois carburadores modelo Solex 32, no ano de
1976. O carro agora tinha 65 cv brutos de potência (48 líquidos), com
mais torque e economia de combustível. Pelo sucesso alcançado, esta
viria a ser a motorização predominante do Brasília nos anos seguintes de
produção.
Houve também uma versão de 4 portas (na Europa conta-se a porta
traseira) que foi o primeiro hatchback genuíno nacional com essa
configuração. Foi exportado para países como Filipinas, Nigéria (neste país o veículo era chamado Volkswagen Igala) e para Portugal.
Mesmo sendo produzido no Brasil, esse modelo só passou a ser
comercializado no mercado brasileiro no final de 1978, já como modelo
1979, onde foi utilizada principalmente como táxi, devido à rejeição dos brasileiros na época aos carros com 4 portas. O México
foi o único país além do Brasil a fabricar o Brasília, mas somente na
versão de duas portas, que inclusive chegou a apareceu em um episódio do
seriado Chaves como o carro de Seu Barriga.
Cronologia/Resumo
Principais acontecimentos em cada ano de produção:1973 - O Brasília, carro de design 100% nacional teve seu lançamento oficial no mês de junho (um mês depois do Chevette da GM -o maior concorrente durante toda a carreira do Brasília). Vinha disponível apenas na opção de motor 1600 com 1 carburador. Opções de interiores preto (com piso cinza) ou todo em bege claro. Lanternas traseiras com piscas laranjas, emblema traseiro "VW Brasilia", grade do escapamento curta, volante tipo cálice igual ao do Fusca brasileiro, calotas centrais das rodas na cor alumínio.
1974 - Mudança do volante p/ o modelo plástico chamado "canoa". Ainda mantém lanternas traseiras com piscas laranjas, emblema traseiro "VW Brasilia" e grade do escapamento curta. Dupla carburação passa a ser um opcional, mas ainda muito pouco requisitado. O Brasília passa a ser produzido (fabricado e não apenas montado) na fábrica de Puebla no México, com significativo percentual de material local.
1975 - Lanternas traseiras passam a ter pisca vermelho e calotas centrais das rodas (copinhos) mudam para a cor preta. Emblema traseiro "Brasilia" perde o VW que o acompanha. Bomba manual do lavador de para-brisa passa a ser fixada na caixa de roda ao invés de perto do piso. Grade do escapamento traseiro aumenta de tamanho. Pisca alerta intermitente passa a ser item normal de série, atendendo regulamentação do CONTRAN.
1976 - Dupla carburação passa a ser opção normal de série para todos os modelos. Motor carburação simples convive junto da dupla por um curto período neste ano, até sair de linha. Surgem opções de interiores com assentos e laterais de porta em vermelho (muito raro) e marrom escuro (antecipando as versões monocromáticas). Surge um novo concorrente de peso no mercado, o Fiat 147. Neste ano é iniciada a fabricação dos modelos 4 portas, inicialmente apenas destinados à exportação para a Nigéria (VW Igala) e Filipinas.
1977 - Ano de importantes mudanças em itens de conforto e mecânica. Na mecânica mudam o sistema de freios (ganham duplo independente nos eixos dianteiro e traseiro), cabeçote de chassis reforçado, tubo de segurança contra impactos frontais no para-choque dianteiro, coluna de direção retrátil. Comandos do limpador passam a vir em alavancas na coluna de direção, e os comandos da ventilação ganham iluminação. Na parte de estética e conforto surgem as primeiras versões monocromáticas (chamadas monocromáticas - por terem interior todo numa cor só, piso em carpete e bancos com detalhe em veludo) com as opções castor (marrom) e preto. Painel com acabamento imitação jacarandá na parte central. Instrumentos com visual mais limpo com aros na cor preta. Na parte dianteira desaparecem os "bigodes", que eram os frisos de alumínio que adornavam o logo VW. O porta luvas ganha uma tampa pela primeira vez.
1978 - Primeira e única re-estilização na carroceria: capô dianteiro com 2 vincos na chapa, para-choques mais largos com ponteiras quadradas em plástico, lanternas traseiras maiores e frisadas (inspiradas nos Mercedes-Benz da época). Desembaçador elétrico do vidro traseiro disponível como opcional pela primeira vez. Continuam existindo as versões monocromáticas. Parte central do volante (canoa) muda de desenho e recebe a inscrição "VW" no canto direito e o acionamento do pisca deixa de ser por botão vindo a ser por alavanca na coluna de direção.
1979 - Surge a versão LS, topo de linha, que traz como itens de série bancos dianteiros com encosto de cabeça integrado, mini console no túnel, vidros verdes, e acabamento sofisticado. Diferencia-se externamente das demais versões pelos frisos externos nas laterais, rodas e molduras de farol na cor grafite. O emblema traseiro "Brasilia" e "Brasilia LS" começa a ser feito em plástico e tem fundo preto, assim como o espelho retrovisor em plástico, que sucedeu o modelo "raquete" cromado usado até 1978. Surge para venda no Brasil pela primeira vez a versão de 4 portas (antes exclusiva de exportação), com acabamento pobre, motor 1600 de 1 carburador e para-choques pintados invés de cromados, destinada ao uso de táxis e carros de frotas públicas. Alças das colunas centrais passam a ser mais curtas. Filtros de ar passam a ser do tipo "panela" visando reduzir o ruído interno vindo do motor. Consagra-se como o carro mais vendido do Brasil no ano de 1979, com mais de 150.000 unidades vendidas naquele ano.
1980 - Painel de instrumentos totalmente redesenhado, visando aproximar-se do Passat. Os instrumentos são todos abrigados em um único quadro à frente do motorista. Vacuômetro passa a ser disponível como opcional. Bancos dianteiros mudam de formato e seu encosto de cabeça passa a ser separado do banco, podendo ser removido quando necessário. Surgem o lavador elétrico do para-brisa e o temporizador do limpador (opcionais). Versão LS perde as rodas na cor grafite. Surge oficialmente a versão a álcool, com motor 1300 dupla carburação e potência de 49 cv. Pelo seu alto consumo e baixo desempenho seria um fracasso de vendas. Lançamento do VW Gol (mês de maio), um novo projeto da VW do Brasil, que entraria na mesma fatia de clientes do Brasília.
1981 - Poucas novidades para 1981, como o volante herdado do recém chegado Gol e melhorias nos materiais fonoabsorventes para reduzir ainda mais o ruído interno. Na segunda metade do ano, as lanternas traseiras passam a ter piscas na cor laranja.
1982 - Nenhuma novidade em relação ao modelo 1981, com exceção de poucas cores novas. No mês de março encerra-se definitivamente a produção no Brasil. Nesta época contabilizavam-se aproximadamente 950.000 unidades vendidas no mercado interno e mais de 100.000 no exterior (sem contar as 80.000 unidades mexicanas) o que a fez alcançar mais de 1 milhão de unidades produzidas. Fim da produção do Brasília no México.
Versão moderna "New Brasa"
O New Beetle é uma aposta de sucesso da VW na restauração de um clássico, o Fusca. E que tal se a marca alemã resolver resgatar outro de seus ícones do Brasil? Eduardo Oliveira, do blog Irmão do Décio, colocou o mouse para funcionar e redesenhou a Brasília. O projeto, batizado de New Brasa, segue linhas bem convencionais, e imagina o carro como um modelo que possa ser produzido e vendido no Brasil.
O designer já havia feito uma nova Brasília, mas então tratava-se de um modelo criado sobre o Audi A1. Agora, é um projeto totalmente novo. "Desta vez também fiz uma versão quatro portas, necessário para os dias de hoje. E essa base poderia compartilhar com a versão sedan, sw (Variant) e fastback (TL)", sugere Eduardo.
O projeto, todo feito em 3D, traz entre suas principais características visuais os farois, para-choque e capô, justamente a parte mais difícil de criar, segundo Eduardo. O legal é que o desenho ficou bem fiel ao modelo original (com direito a lanternas traseiras com frisos), sem deixar de trazer novidades para este clássico.
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