O
Karmann-Ghia é um carro esportivo de dois lugares produzido pela Volkswagen,
projetado pela empresa italiana Ghia, e construído pela empresa alemã Karmann.
Cerca de 445 000 Karmann Ghias foram produzidos entre 1955 e 1975.
História
No início dos anos 1950 a Volkswagen
produzia apenas o Fusca e a Kombi, típicos carros pós guerra - resistentes,
sóbrios e baratos. O mundo entretanto já se recuperava da Segunda Guerra
Mundial, e a demanda por carros mais elegantes e luxuosos aumentava. A Volks
acabara de sair do controle britânico (1949), e de certa forma já se aventurara
timidamente neste mercado, com a versão conversível do Fusca. Entretanto a
gerência da Volks ainda considerava a possibilidade de oferecer um carro que
levantasse a imagem da firma, atendendo plenamente a esse mercado.
O Estúdio Ghia e o Projeto
O projeto inicial apresentado pela
Karmann não agradou muito aos executivos da VW. Buscando satisfazer um
cliente tão importante, a Karmann procurou ajuda no estúdio italiano de
design Ghia. Segundo relatos não oficiais, Luigi Segre, responsável pelo renomado
estúdio, teria apresentou a Wilhelm Karmann um desenho não utilizado pela
Chrysler, o coupe Chrysler Guia Special. Desenhado por Virgil Exner e Mario
Boano, o protótipo figurou no salão de Paris de 1952, e teria inspirado o
design do coupe VW.
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Tendo ou não adaptado um desenho
anterior, a Ghia comprou um Fusca do importador francês Charles Laudoch, e
sobre seu chassis terminou o protótipo em apenas cinco meses. Daí o carro foi
levado de Turim para Neuilly, França, para a garagem de Laudoch. Lá Wilhelm
Karmann pode ver pela primeira vez o design, o que o deixou muito
entusiasmado.. O carro foi levado para Osnabrück, onde foi apresentado em 16
de novembro a Heinrich Nordhoff, então presidente da Volks. Apesar de sua
preocupação com o possível possível preço do carro, a persuasão de Wilhelm
Karmann e a necessidade de atender as demandas de mercado garantiram o sinal
verde para o projeto.
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Segundo o acordo fechado entre as
empresas, o carro seria vendido pela Volkswagen mas produzido pela Karmann
sobre a plataforma do Fusca (alargada em 30 cm, e no total o carro seria 12
cm mais longo). Após testes suplementares e refinamentos no projeto, o
ferramental foi encomendado, e em julho de 1955 o coupe Volkswagen foi
apresentado a imprensa. Entretanto o carro ainda não tinha nome, apenas o
código "Typ 14". Após considerar alguns nomes italianos para o
carro, o nome Karmann-Ghia foi escolhido, refletindo o exotismo do carro e a
participação das várias empresas em seu projeto.
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Em agosto de 1955 o primeiro Karmann-Ghia
saiu da linha de montagem de Osnabrück, Alemanha. A reação do público ao
curvilíneo carro foi excelente, e mais de 10.000 carros foram vendidos só no
primeiro ano, surpreendendo até a própria Volkswagen.
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Produção
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A carroceria era feita à mão, num
processo consideravelmente mais caro do que a linha de montagem utilizada
pelo Fusca. Isto se refletiu no preço do carro, quase 1000 dólares mais caro.
Ao invés de paralamas aparafusados como o do Fusca, os painés da carroceria
eram feitos à mão, com uma liga especial e soldagem em linha. Na época apenas
os carros mais luxuosos eram construídos assim, refletindo desejo da Volks em
alavancar sua imagem com o carro.
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Devido aos compromissos com o design,
o espaço interno não era dos melhores, com pouco espaço para as pernas na
frente, e pouca altura entre o banco de trás e o teto. Entretanto o interior
era mais refinado que o do Fusca, com um painel protuberante, volante branco
com dois raios e relógio. Havia um pequeno bagageiro atrás do banco traseiro,
complementando o diminuto compartimento dianteiro.
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Por utilizar a mesma plataforma do
Fusca, o Karmann-Ghia herdou dele todas as configurações mecânicas, como
suspensão, caixa de velocidade e freios a tambor. Utilizando o mesmo motor do
Fusca, o Karmann-Ghia não oferecia um desempenho exatamente esportivo. Mesmo
acompanhando a evolução dos motores do Fusca ao longo de sua produção (1500cc
e 1600cc), o carro contava mais com o estilo e a confiabilidade da mecânica
Volks para garantir suas vendas.
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Em agosto de 1957 uma versão
conversível foi apresentada, resolvendo o problema do banco traseiro (ao
menos com a capota abaixada) e aumentando ainda mais o apelo do carro.
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Em 1961 as grades frontais foram
alargadas, e os faróis foram deslocados para cima. As lanternas foram
arredondadas e alongadas. O designer italiano Sergio Sartorelli, projetista
do futuro Karmann-Ghia, participaria de muitas reestilizações do modelo
durante sua produção.
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Em 1966 o motor 1300cc passou a
equipar o modelo, elevando a potência final para 40 cv e 128 km/h de máxima.
Entretanto já em 1967 o motor 1500 foi disponibilizado, com 44 cv e 138 km/h
de velocidade máxima.
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Em 1970 lanternas maiores integraram
as luzes de ré, e grandes setas dianteiras envolventes substituíram as luzes
afiladas dos modelos anteriores. Em 1971 viria o motor 1600 cc, com 50 cv e velocidade
máxima de 142 km/h. Luzes de seta maiores aumentariam a visibilidade lateral
em 1972, e em 1973 para-choques maiores foram adicionados ao modelo, assim
como a opção de um bagageiro em lugar do pequeno banco traseiro.
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Em 1974 o carro seria substituído na
Europa e Estados Unidos pelo Volkswagen Scirocco, também em parceria com a
Karmann, mas desta vez desenhado por Giugaro.
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No Brasil
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Os planos de crescimento da empresa
no Brasil fizeram com que a VW resolvesse produzi-lo localmente. Em 1960 a
Karmann abriu uma fábrica em São Bernardo do Campo, São Paulo, e em 1962 o primeiro
Karmann-Ghia brasileiro saiu da linha de montagem, muito semelhante ao modelo
vendido no mercado europeu.
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Em 1967 a motorização inicial de
1200cc e 36 cavalos foi substituída pelo motor 1500cc, de 44 cavalos,
conferindo um pouco mais de "esportividade" ao modelo, e levando-o,
segundo a fábrica, aos 138 km/h de velocidade máxima. Assim o desempenho
ficava um pouco mais condizente com o aspecto, pelo menos para os padrões da
época.
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Além disso, o sistema elétrico passou
de 6V para 12V, e o desenho das lanternas traseiras foi modificado.
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No final de 1967 foi lançado o
Karmann Ghia conversível - que atualmente é um dos modelos brasileiros mais
raros e valorizados. Foram produzidas apenas 176 unidades.
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Em meados de 1969 ocorreu o aumento
da bitola traseira e do corte dos paralamas traseiros, o que deixou a roda
traseira mais visível.
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Em 1970 o Karmann Ghia ganhou o novo
motor 1600cc de 50 cv - que tinha um torque maior. Agora eram 10,8 kgfm a
2800 rpm, contra 10,2 kgfm a 2600 rpm do antigo 1500, que respondiam por mais
força em arrancadas e retomadas. O sistema de freios foi substituído por
freios a discos na dianteira e o modelo dos parachoques passou a ser uma
única lâmina com dois batentes com protetores de borracha. Esta reformulação
na linha do Karmann Ghia não foi suficiente para dar sobrevida ao modelo. Em
1971 a Volkswagen do Brasil decidiu tirá-lo de linha, enquanto o modelo
europeu ainda seria fabricado até 1974.
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Karmann-Ghia TC
Mesmo que seu design ainda agradasse na época, e praticamente sem concorrentes nacionais, o peso dos anos foi o responsável pelo fim do modelo clássico. A introdução do Typ 34 na Europa trouxe algumas lições para a Volkswagen. O estilo e tamanho do carro foram vistos como fonte dos problemas. Desta forma, ao invés de simplesmente introduzir esse modelo no Brasil, a VW planejava desenvolver um novo modelo. Assim a fábrica preparou um novo modelo para apresentar no Salão do Automóvel de 1970, o Karmann Ghia TC (Touring Coupê). Apesar de manter vários vínculos estéticos com o seu antecessor, o TC era basicamente um novo carro, destinado a outro nicho do mercado (mais caro). Ao invés da plataforma do sedan, o TC baseava-se na plataforma do TL (seguindo um exemplo do Typ 34). A sua traseira fastback e detalhes dos faróis e pará-lamas o faziam assemelhar-se muito ao Porsche 911 (principalmente o protótipo 695).
Desenvolvido sob o código Typ 145, novamente participaram a Karmann e o estúdio Ghia. Diferente do anterior, entretanto, a Ghia procurou Giorgetto Giugiaro para dar o estilo ao carro. Medindo 4200 mm de comprimento, 1620 mm de largura, 1310 mm de altura e 2400 mm entre eixos, o carro pesava 920 kg.
A carroceria contava com as mesmas grades dianteiras falsas do modelo anterior, embora ainda maiores. Sua tampa traseira englobava o vidro, tornando-o um hatchback de dois volumes e meio. Esta configuração (assim como no caso da Variant e do Brasília) deixava o motor dentro do compartimento de passageiros. Isso causava problemas de excesso de ruídos, minimizados com a aplicação de isolamento acústico na tampa do motor.
A adoção de freios a disco nas rodas dianteiras e um baixo centro de gravidade contribuiam para o apelo esportivo que a montadora queria do modelo. Mesmo o motor sendo um 1600, como nos últimos Karmann Ghias, no TC vinha com o mesmo acerto da motorização que equipou o "Super-Fuscão": quatro cilindros contrapostos, quatro tempos, traseiro, diâmetro e curso do cilindro de 85,5 x 69 mm; 1584 cc, taxa de compressão de 7,2:1; potência máxima de 65HP SAE a 4600 rpm; torque máximo de 12 mkg SAE a 3000 rpm; sistema de alimentação com dois carburadores de corpo simples, de aspiração descendente. Como resultado a Volkswagen anunciava que seu novo esportivo era capaz de atingir 145 km/h.
O TC era uma proposta inovadora no inexplorado mercado de esportivos brasileiros. Entretanto, a qualidade de sua construção não era tão boa quanto o modelo anterior: logo após seu lançamento, os consumidores começaram a reparar na facilidade de corrosão do carro (principalmente em torno da grade dianteira). A vedação das borrachas nas portas também era alvo de reclamações, uma vez que tal problema multiplicava os focos de corrosão.
Além disso, havia a questão do seu planejamento de mercado: na sua faixa de preço, três outras opções de mercado contribuíram para uma vida curta. A primeira era o Puma GTE, que teve justamente nos anos em que o TC foi fabricado, sua época mais forte no mercado brasileiro. Apesar de ser um pouco mais caro, era visto como um carro muito mais esportivo, até mesmo por ser bem mais leve. A segunda era o Corcel GT, da Ford, que estava na mesma faixa de preço, mas era tecnologicamente bem mais avançado. A terceira opção de concorrência veio da própria Volkswagen, em 1972, com o SP1 e SP2, que era um modelo esportivo bem mais "autêntico" e atraente na época. Assim, com vendas bastante baixas durante sua vida (cerca de 18 mil unidades), em 1975 o TC deixou a linha como o último Karmann Ghia a ser fabricado.
Karmann Ghia na lista dos 10 modelos mais bonitos
Do HotGaragem Blog
Esse veículo maravilhoso de dois lugares é considerado um TOP 10 – ou um dos dez mais belos carros esportivos já produzidos no mundo em todos os tempos – a se levar em conta os rankings de revistas especializadas ou votações de internautas em sites de automobilismo.
O Karmann Ghia não chegou sequer a atingir meio milhão de unidades produzidas entre 1955 e 1974, mas representou um marco inovador na substituição dos modelos robustos e pesadões que predominavam na década de 50. Hoje é ícone, entre os clássicos.
Suas formas arredondadas nasceram nas pranchetas da empresa italiana Ghia por encomenda da fábrica de carrocerias alemã Karmann. Curiosamente, o projeto havia sido antes apresentado e recusado pela Chrysler. Só depois disso é que a Volkswagen se decidiu pelo lançamento do modelo.
No Brasil foram produzidos apenas 23,5 mil Karmann Ghias sendo que, destes, somente 177 unidades eram conversíveis. Aqui a produção durou pouco tempo: só 10 anos, de 1962 a 1972.
Na verdade o Karmann Ghia continua sendo um ícone tão poderoso que cerca de 2,5 milhões de links aparecem nos resultados de busca do grande Oráculo. Já as pesquisas simples por imagens apresentam pelo menos 150 mil resultados. Entre eles, alguns espetaculares, como os que se seguem.
Como seria o Karmann Ghia hoje:
O designer Eduardo Oliveira se sentiu mais à vontade em criar a versão moderna do cupê com técnicas de renderização, recriando, inclusive a versão com capota branca. E para resolver o problema de desempenho, Oliveira pensou em projetar o Karmann Ghia com motor dianteiro, mais potente que o original, refrigerado a ar, que poderia ser o do Golf atual. Por isso, desenhou várias entradas de ar e o logo vazado para ajudar na refrigeração. Outro aspecto que foi melhorado nesse projeto foi a aerodinâmica, daí os faróis inclinados, mas com o mesmo desenho redondo, o que os tornam parecidos com os do Porsche 911.
A rara versão conversível do Karmann Ghia apareceu em 1968 e teve apenas 177 unidades fabricadas até 1971. Tinha motor 1.600 e aliava confiabilidade com baixo custo, mas sua capota de lona não conseguia manter o interior livre da água se caísse uma chuva mais pesada. Então, nada mais adequado que substituí-la por outra mais sofisticada, feita de metal, na versão moderna do carro, item que tornou possível transformar o cupê em conversível e vice-versa, com apenas um toque de botão no painel.
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